segunda-feira, 30 de junho de 2008

Joseca - A tenebrosa babá


Alinne Quadros, a babá.

Viajeros - Amém


Igreja em Ypacaraí, Paraguai. Agosto de 2006.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Expedición Donde Miras

Caminhar, conhecer e transformar. Esses são os objetivos da Expedición Donde Miras em sua Caminhada Cultural pela América Latina. A primeira etapa ocorreu em janeiro deste ano, partindo de São Paulo com destino a Curitiba. Foram percorridos mais de 500 quilômetros, com 20 cidades visitadas e 24 saraus realizados em praça pública.

Mais de trinta artistas participaram, compreendendo atores, cineastas, artistas plásticos, músicos, dançarinos, produtores culturais, poetas, educadores e fotógrafos. Em seus saraus realizaram diversas manifestações e oficinas – exibição de filmes, apresentações de música, dança e teatro, performances, exposições, recitais de poesia, lançamento de livros e possíveis manifestações espontâneas.

A segunda caravana partirá no dia cinco de julho do Bar do Binho, na zona sul de São Paulo. A primeira parada é a aldeia guarani Tenonde Porá e o trajeto passa por Santos, Peruíbe, Ilha Comprida, entre outras localidades, até chegar a Cananéia.

A próxima etapa da caminhada compõe-se de colunas que partem de cinco países diferentes para se encontrar em Assunção, capital paraguaia, e está em fase de captação de recursos.

Como surgiu
Binho e Serginho, poetas parceiros, sentiam imensa vontade de desbravar esse misterioso e selvagem continente chamado América Latina. Até aí tudo bem, nada demais. Mas por que a pé? Segundo Binho, para que se possa experimentar o máximo possível, sentir cada cheiro, “trocar experiências, ouvir, somar, vivenciar na carne e nos olhos o modo como esses outros povos vivem, se organizam, se manifestam, quais rituais congregam, o modo como ocupam e como convivem com a terra e as relações humanas decorrentes dessas formas”.

Parte dos recursos são obtidos através da venda do livro Dois poetas e um caminho, de autoria de Sérgio e Binho, junto com a venda de camisetas estilizadas e do apoio de parte dos municípios visitados. Qualquer contribuição é bem-vinda, assim como a participação de todos.

Blog da Expedición: www.expediciondondemiras.blogspot.com

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Viajeros - A lenda do ñanduti

Baseado em um conto, lido no Café Literário em Assunção, que por sua vez foi inspirado em uma lenda guarani.

Um jovem índio, apaixonado e desesperançado. Sua mãe lastima a dor de seu rebento. Ele crê que perdeu de vez a chance de passar a vida ao lado do seu amor.
A moça, demasiado bela, é cobiçada por vários rapazes. Uma anciã, com certa maldade, contou-lhe que outro fez à moça a mais linda oferenda - pulseiras e braceletes de um metal branco e brilhante, que segundo dizem, ganhou da própria lua, sua madrinha.
Em desespero, o jovem índio fugiu à floresta, queria esconder-se de seu medo, correr sua dor. Encontrou um tronco tombado, e ao tocá-lo, um lindo broto floresceu. Subiu sua vista e se defrontou com um esplendoroso tecido, delicado e brilhante.
O fogo se reascendeu em seu coração - essa seria a oferenda perfeita para sua amada, nada poderia ser mais belo! Mas nesse instante seu rival apareceu. Travou-se o combate pelo amor. A luta foi intensa. O corpo morto parecia deixar certo seu êxito. Ele estendeu sua mão para finalmente pegar sua oferenda, mas o caprichoso destino mostrou-se irredutível: o belo emaranhado de fios se desfez em baba, escorrendo por suas mãos.
O sofrimento jamais foi tão grande - não haveria outra oportunidade. Vagou entre árvores até acabarem suas forças. De volta à casa, caiu em doença; estava febril e falava coisas sem sentido. Sua mãe o acordou, foram à beira do rio. Ele contou tudo o que passara e ao final de sua história ela, com muita candura, disse-lhe: me leve lá. O jovem encontrou nova esperança no semblante de sua mãe.
Caminharam. Acharam o corpo, coberto por folhas e vermes. O tecido estava novamente lá. O índio, tomado pelo cansaço da noite anterior, dormiu sobre a relva. Sua mãe, mirando o tecido, agora ainda mais belo ao refletir a luz do sol, pegou suas linhas e foi tecendo, copiando o modelo.
Quando seu filho despertou, viu um lindo vestido nos braços de sua mãe - o mais lindo que pudera haver. Agora sua alegria era completa: teve certeza que seria feliz ao lado de sua adorada índia.
Hoje este artesanato é tradição guarani, símbolo da cultura paraguaia. O ñanduti se encontra nas feiras, ruas e casas de cultura. Ñandu é como os índios guaranis chamam a aranha; ñanduti, sua teia.



















Toalha em ñanduti

Viajeros - Patriotismo Multinacional


Coca-cola desenhada em ñanduti, em Casa de Cultura da capital paraguaia.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Viajeros - Ruínas e "progresso"

Partimos de Assunção e fomos a Encarnación, na fronteira paraguaia com a Argentina. Uma pequena cidade, com sinais do desenvolvimento: supermercados, ruas pavimentadas e praças. As outras cidadezinhas eram mais roots - algumas abandonadas, outras com a graça e a paz interioranas. A riqueza de Encarnación vem em grande parte da agricultura, subsidiada pelo governo. O município exporta trigo e soja.



Perto de Encarnación se localizam as ruínas de uma antiga missão jesuítica. Lá as paredes só faltam falar. Provavelmente seriam histórias tristes de um povo que sofreu imposição cultural e religiosa, e depois de perder a "proteção" dos jesuítas foi escravizado pelos bandeirantes, aqueles "nobres desbravadores" dos quais ouvimos falar nas aulas de História.
Lindas imagens. Pedras corroídas pelo tempo e estátuas de santos já sem cabeças em contraste com o céu azul, sem uma nuvem sequer. Sóbrio e belo ao mesmo tempo.
Ruínas de todo um tempo, de toda uma história e de muito sofrimento. Mas afinal, os jesuítas cumpriram sua missão. É na América Latina que hoje se encontra o maior rebanho da Santa Madre Igreja Católica. Amém.

Viajeros - Malabares


Thiago e seu malabares nas ruínas - Paraguai, agosto de 2006.

Joseca - Onde está o vulto?


Beta é o Vulto Virgem Suicida.


Você é capaz de encontrá-la?

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Borboletas Azuis

A Fenac e a produtora curitibana Par ou Ímpar realizaram a Fábrica de Curtas, um projeto que permitiu que cerca de 30 pessoas participassem da produção do curta-metragem Borboletas Azuis, inclusive eu. As gravações aconteceram nesse último domingo e é claro que eu tirei umas fotinhos.


Dr. Kobayashi, pesquisador oftalmologista, num mundo atemporal em que os seres humanos não enxergam cores.


Marco, mercenário que busca Dr. Kobayashi. Protagonista do curta.


Hishida, a misteriosa japonesa que aparece na janela, assessora de Kobayashi.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Viajeros - Reflexão intensa e subjetiva

É uma tarefa muito árdua a que me proponho: perceber e refletir culturas. A subjetividade da vida me surpreende, me assusta e, acima de tudo, me fascina. Como posso transmitir algo que só eu percebo? Como posso chamar meu ponto de vista de realidade? Quem sou eu para julgar, mesmo que nesse caso o julgamento tenha aspecto de análise?
Conhecer a dor, a luta e a força dos Sem-Terra já mudou a cor de meus olhos. Quem dirá um ano cruzando continentes?! Já fui muitas Micheles, ainda encarnarei muitas outras, até chegar a ser nenhuma. Queria apreender a alma do povo paraguaio, mas nem sei se tal coisa existe - fronteiras artificiais que separam os homens são romantizadas e enaltecidas, mas no fim geram mais guerras que unidades.
Sei que quero conhecer pessoas, sentir o outro - quem sabe até ser o outro, descobrir terras nunca dantes desbravadas dentro de mim. Sei que há uma hegemonia parasita mundial. Acredito na união latino-americana para que tenhamos autonomia e possibilidade. Mas a revolução, aquela que sensibilizará a mesquinhez da Terra (ou terra) não se fará com armas. A verdadeira revolução se dará (ou, infelizmente, não) na consciência. As armas não acabam com o medo e o egoísmo. O auto e alter conhecimento, creio que sim.
Estou abrindo minha pele, expondo minhas entranhas - no meio de tantos questionamentos, esse é agora meu norte. Mas minha bússola é caprichosa (ou despretenciosa) e pode apontar sua seta para qualquer direção a qualquer momento.