Conhecer a dor, a luta e a força dos Sem-Terra já mudou a cor de meus olhos. Quem dirá um ano cruzando continentes?! Já fui muitas Micheles, ainda encarnarei muitas outras, até chegar a ser nenhuma. Queria apreender a alma do povo paraguaio, mas nem sei se tal coisa existe - fronteiras artificiais que separam os homens são romantizadas e enaltecidas, mas no fim geram mais guerras que unidades.
Sei que quero conhecer pessoas, sentir o outro - quem sabe até ser o outro, descobrir terras nunca dantes desbravadas dentro de mim. Sei que há uma hegemonia parasita mundial. Acredito na união latino-americana para que tenhamos autonomia e possibilidade. Mas a revolução, aquela que sensibilizará a mesquinhez da Terra (ou terra) não se fará com armas. A verdadeira revolução se dará (ou, infelizmente, não) na consciência. As armas não acabam com o medo e o egoísmo. O auto e alter conhecimento, creio que sim.
Estou abrindo minha pele, expondo minhas entranhas - no meio de tantos questionamentos, esse é agora meu norte. Mas minha bússola é caprichosa (ou despretenciosa) e pode apontar sua seta para qualquer direção a qualquer momento.
Um comentário:
"É preciso estar sempre embriagado. Para não sentirem o fardo incrível
do tempo, que verga e inclina para a terra, é preciso que se
embriaguem sem descanso. Com quê? Com vinho, poesia, ou virtude, a
escolher. Mas embriaguem-se." Charles Baudelaire
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